terça-feira, abril 18, 2006

dia de análises...

sei que foi e não é definido, mas sem esperar tudo aparece num olhar inocente na espera do chamamento… vazia encostada ao canto, limpa e lisa, arrumada e pronta para outro corpo adormecido, que se reencontre e remexa nos lençóis grossos … foi assim no piso de cima onde as noites eram compridas e vazias de dor, que depois de barriga cheia visitavam-me e traziam ar novo

(podia ter sido pior)

junto da tv, o ar limpo e higiénico da quarto trazia o pensamento pesado do tempo que passa e não corre, e o outro que tossia sem eu saber porque, não queria apresentações, não queria recordações… mas tem de ser, mais cedo que a tosse… tinha de haver razão para esse surto… havia sido uma hérnia, duas hérnias e só mais um dia… e eu ainda mais tinha

(quanto foi mesmo… três dias… eternidade)

o corredor servia de pista, de distracção, de reflexão, de passagem, de relações, de ver a rua, de ver o mundo… as pessoas que passavam e que de repente tornaram-se centro do meu dia, a maneira como se movem, como se vestem, como reagem… aquele senhor que secretamente guardou a sua nota de cinquenta no fundo da carteira… e cá de cima tudo se via…