terça-feira, fevereiro 14, 2006

a propósito do tema 2


…recordando-me de Lisboa, como cidade de memórias e de tempos, surge-me a imagem que admirava da janela do quarto da minha avó em Campolide, onde um monstro de imensas pernas caminhava sobre a cidade.

Dizia-me a minha avó que levava as águas!

Parecia que ele me acompanhava desde casa dos meus pais, até casa da minha avó! Aparecia e desaparecia... rua sim, rua não! Tornava-se um fio único de um percurso que fazia todos dos dias, de manha e ao final da tarde.

Sabia sem duvida onde encontrar a casa da minha avó …debaixo do arco de maior largura!

Ainda hoje me recordo dele como referência da cidade e como construtor de tempo. Elemento único que podemos encontrar em vários pontos da cidade, por cima de uma estrada, ao virar de uma esquina, no limite de uma praça… e ao caminharmos por cima dele, colamos dois bocados de paisagem urbana, o rio, um manto verde, a ponte, o Cristo Rei, o outro lado da margem ….

Tornou-se uma referência urbana ….

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trabalho de Corbusier para Paris e Argel

A área do tema 2, em Carcavelos, necessita no meu ponto de vista de um Aqueduto das Águas Livres. Uma coluna principal de distribuição, que não só construa um referencial de tempo e memória, mas também um novo modo de habitar a cidade, ultrapassando a nostalgia da rua e da praça. A particularidade do Aqueduto é o modo de como seria possível caminhar sobre a cidade sem ter de sucessivamente passar por estradas e passadeiras, tornando-se assim possível uma ligação visual, entre nós e a cidade muito mais forte. Nesta única estrutura geradora de urbanismo e sociabilidade, poderíamos construir o nosso quotidiano através de habitação, trabalho, lazer e serviços, havendo ligações com a envolvente não só visuais mas também físicas.

Deste modo esta estrutura comporta pontos de toque e de âncora com a cidade urbana mais próxima, como também transporta uma referência geográfica para aquela zona.
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